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Comecei a escrever no momento em que percebi que só pensar não mais me satisfazia.

Precisava transbordar todo aquele pensamento que só ao meu universo de idéias pertencia.

Hoje, escrevo por pura necessidade, por irresistível vício e por agradável teimosia.




Claudia Pinelli Rêgo Fernandes ®



terça-feira, novembro 23, 2004

Quem?


Goodbye Kiss Posted by Hello


Quem?

Não sei quem és. Já te não vejo bem...
E ouço-me dizer ( ai, tanta vez!...)
Sonho que um outro sonho me desfez?
Fantasma de que amor? Sombra de quem?

Névoa? Quimera? Fumo? Donde vem?...
- Não sei se tu, Amor, assim me vês!...
Nossos olhos não são nossos, talvez...
Assim, tu não és tu! Não és ninguém!...

És tudo e não és nada...
És a desgraça...
És quem nem sequer vejo; és um que passa...
És o sorriso de Deus que não mereço...

És Aquele que vive e que morreu...
És Aquele que é quase um outro Eu...
És Aquele que nem sequer conheço...

Florbela Espanca.


Adoro a Florbela.. Essa escritora portuguesa sempre melancólica, que escreveu coisas lindas acerca do amor e suas vicissitudes.

Bjo.

Música: The Smiths - Heaven knows I'm miserable now.

quarta-feira, novembro 17, 2004

O Testamento de um Cão


O Testamento de um Cão - Frank ReinshsteinPosted by Hello

Minhas posses materiais são poucas e deixo tudo para você...
Uma coleira mastigada em uma das extremidades, faltando dois botões, uma desajeitada cama de cachorro e uma vasilha de água que se encontra rachada na borda.
Deixo para você a metade de uma bola de borracha, uma boneca rasgada que você vai encontrar debaixo da geladeira, um ratinho de borracha sem apito que está debaixo do fogão na cozinha e uma porção de ossos enterrados no canteiro de rosas, sob o assoalho da minha casinha.
Além disso, eu deixo para você a memória, que aliás são muitas.
Deixo para você a memória de dois enormes e meigos olhos cor de mel, de um nariz molhado, de choradeiras atrás da porta.
Deixo para você uma mancha no tapete da sala de estar, junto à janela, quando nas tardes de inverno me apropriava daquele lugar, como se fosse meu, me enrolava feito uma bolinha para pegar um pouco de sol.
Deixo para você um tapete esfarrapado em frente de sua cadeira preferida, o qual nunca foi consertado com o tipo de linha certo....isso é verdade.
Eu o mastiguei todinho, quando ainda tinha cinco meses de idade, lembra-se?Também deixo para você as memórias da primeira surra que levei quando comi seu celular.
Deixo para você um esconderijo que fiz no jardim debaixo dos arbustos perto da varanda da frente, onde costumava me esconder do sol nos dias de verão.
Ele deve estar cheio de folhas agora e por isso talvez você tenha dificuldades em encontrá-lo. Sinto muito!
Deixo também só para você, o barulho que eu fazia ao sair correndo sobre as folhas de abril, quando vagabundeávamos pelo sítio.
Deixo ainda, a lembrança de momentos pelas manhãs, quando saíamos juntos pela margem das lagoas do condomínio e você me dava aqueles biscrocks coloridos.
Recordo-me das suas risadas, porque eu não consegui alcançar aquele coelho impertinente.
Deixo-lhe como herança minha devoção, minha simpatia, meu apoio quando as coisas não andavam bem, meus latidos quando você levantava a voz aborrecido...e minha frustração por você ter ralhado comigo todas as vezes que eu colocava o nariz debaixo da cauda.
Nunca fui à igreja, nunca escutei um sermão, sem ter dito sequer uma palavra em minha vida, deixo para você lições de paciência, de tolerância, amor e compreensão.
Sua vida foi mais rica porque eu vivi.


Minha vida foi, está sendo e sempre será mais rica por causa de um cão...
Isso é um fato...
Já tive cães fantásticos, inesquecíveis.. Pretinha, Totó, Tuca, Garrincha, Polianna....
Hoje quem me dá a alegria de conviver comigo é Mila, uma poodlezinha que só falta falar de tão inteligente..
Às vezes, sinto que consigo manter um diálogo muito mais fácil e interessante com ela do que com muitos adultos que conheço.. :o)
Loucura?? Pode ser... Mas é a mais pura verdade..
Admito que sou uma pessoa suspeita para falar desse assunto.. Porque amo cachorros...
Quem quiser dar uma olhada em minha linda, o link é:
http://fotolog.terra.com.br/milocota

Lá você vai ter uma idéia porque sou apaixonada por ela..

Bjo.

Música: People are strange do Echo and the Bunnymen.

quarta-feira, novembro 10, 2004

Indignação, por onde andas?


Procuram-se homens revoltados


“Precisa-se de homens que ainda não tenham perdido a capacidade de indignar-se, de rebelar-se”.

Certamente, você não encontrará um anúncio como esse, que serve como título e epígrafe a essa crônica, em cadernos de classificados de empregos dos jornais, ou mesmo em alguma agência de empregos por aí. Não. Não adianta vasculhar e sujar os dedos de tinta (como os jornais brasileiros soltam tinta, não!?), pois você jamais encontrará demanda por esse tipo de indivíduo. Homem ou mulher com esse perfil é muito raro hoje em dia: militante, revoltado, indignado, cidadão. Raro e indesejável, diga-se.

Nas ofertas de emprego dos classificados, a cada dia mais escassas, procuram por pessoas mais ou menos enquadradas, mais ou menos “institucionalizadas”, digamos assim. Essas ofertas dos classificados buscam pessoas – homens e mulheres, reitero – domesticadas, adestradas para servirem diligentemente aos interesses e valores das empresas, mesmo que isso, muitas vezes, e em muitos casos, signifique ir contra os seus próprios interesses e valores. De preferência devem ser indivíduos ambiciosos, os chamados arrivistas, prontos a pisar no pescoço de qualquer um para galgar um “degrauzinho” a mais na hierarquia da corporação – afinal, a cada degrau alcançado aumenta o suposto poder, visibilidade e remuneração.

Alguns desses indivíduos, já não falo dos ambiciosos vorazes, mas dos chamados homens ou trabalhadores “comuns”, quando conseguem um emprego, são sufocados, atormentados, quando não esmagados, pelas cotas de produção ou pela “cultura organizacional” das empresas, e agora até por uma tal de “empregabilidade” – veja bem! Muitos são até pessoas decentes, honestas, bem intencionadas, que apenas, como todos, necessitam ganhar o pão de cada dia, e que, sem muita opção ou poder de barganha, têm que vender o valor do seu trabalho a preço de ocasião. Ao preço da ocasião e da usura do patrão, nesse grande leilão com sinais trocados (leva quem paga menos) que é o tal “mercado” de trabalho. São pessoas que serão “espremidas”, moídas pelas engrenagens do capital, onde lhes será tirado todo o “sumo”, e, depois, apenas alguns anos depois, serão dispensadas, sem maiores explicações, quando só lhes restarem o bagaço de si mesmas.

Não. Não busco, para essa minha empresa, homens assim sensatos, “comuns”, plausíveis, enquadrados, subjugados. Busco os inconformados, os “santos” e “loucos”, os que não se deixam subjugar. Homens dotados de coragem e destemor. Busco os que têm compromisso inegociável e inalienável com a verdade e com a justiça e, acima de tudo, que tenham compromisso consigo mesmo, com seu valores, com a sua verdade, com a felicidade – a sua, mas também a do próximo.

Procuro homens que tenham tesão. Tesão para o amor, tesão para a vida. Homens que leiam livros e não apenas gastem os seus dias em frente a um aparelho de TV. Homens que tenham olhos para a vida, e não somente para seus próprios umbigos, e que assim possam enxergar o que acontece ao seu redor. Homens que sejam capazes de pensar com a própria cabeça e que, por isso, não saiam por aí como fantoches repetindo o que dizem as manchetes dos grandes jornais e seus articulistas, os tais (de)formadores de opinião. Procuro homens que não se deixam escravizar.

Homens como, eis aí um exemplo corriqueiro do nosso dia-a-dia, os jovens (alguns já jovens senhores na casa dos 30 anos) que resolveram recentemente, num ato pleno em simbolismo e significados, “rebatizar” a Avenida Jornalista Roberto Marinho (antiga Av. Água Espraiada), aqui na cidade de São Paulo, para Av. Vladimir Herzog – em homenagem ao jornalista assassinado nos porões da ditadura, possível exemplo de um homem revoltado.

Homens como aquele jovem chinês, cuja imagem correu o mundo, de braços abertos em frente a um tanque do exército vermelho na Praça da Paz Celestial, impedindo-lhe a marcha, impedindo assim, por um mero instante, fugaz que fosse, mas que viria a simbolizar e a se tornar um “todo o sempre”, a marcha do totalitarismo. Como, aqui no Brasil dos fodidos, o motorista de trator que se negou a obedecer as ordens das “autoridades” que lhe mandavam derrubar o barraco de uma família pobre numa invasão, e por isso foi preso.

Homens como Chico Mendes, Marighela, JC, Gandhi, Che Guevara e tantos outros. Precisa-se de homens que façam a diferença. Homens que sejam capazes de dar a vida por uma causa, um ideal. Você seria capaz de dar a própria vida em nome de uma causa? Qual a sua causa? Em nome de que você luta, soldado?

Preciso de homens assim para esse meu/nosso empreendimento. E esse empreendimento, devo fazer a ressalva, não promete participação nos lucros, plano de carreira, assistência médica ou aposentadoria condigna.

Preciso de homens aguerridos, guerreiros, que abracem com fervor a causa dos intrépidos e dos justos. Homens que venham integrar esse exército que, silencioso, luta todos os dias suas pequenas-grandes batalhas. Homens que estejam seguros de que lutam pela boa causa e em nome disso empenham suas vidas: um outro mundo é possível.

Por favor, enviem os seus currículos.

Lula Miranda




Esse texto é um consolo para minha personalidade inquieta, indignada, revoltada, etc...

Como eu digo sempre, não sou assim para provar nada para ninguém. É uma necessidade quase física que eu sinto de não trair minha consciência. Se for diferente, não estarei sendo eu mesma, e isso é a pior traição que existe.

Trair uma outra pessoa não é nada, comparado a uma traição a si próprio!

É fato que acabo não agradando a muita gente por ter esse jeito, porque as pessoas sempre irão preferir os que só lhes agradam aos que falam a verdade, mas esse problema, definitivamente, não é meu.
O meu é ser eu, e isso já dá trabalho suficiente.

Costumo falar uma coisa que eu mesma bolei num dia de ócio (criativo?) e que mantém uma certo nexo com a citação inicial do texto:

"Pode se considerar vivo aquele que ainda mantém a capacidade de se surpreender com as coisas boas e se indignar com as coisas ruins."

Ah, já ia me esquecendo de um comentário definitivo sobre o texto...

Para onde devo mandar o currículo mesmo? :o)



Bjo.



Claudia Pinelli Fernandes ®




Música: Revolution do The Cult.
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Minha família

My kind of Spirit...


You are the elusive Night Spirit.
Your season is Winter, when the stars are bright and frost crystallizes the fallen leaves.
You are introspective, deep-thinking, and mysterious.
Everyone is intrigued and a little intimidated by you because you have an aura of otherworldliness.
You work in extremes, sometime happy, other times sad, but always creative and philosophical.
You are more concerned with the unseen, mystical, and metaphysical than the real world.
Night Spirits have a tendency to get lost in themselves and must be careful not to forget reality, but their imagination is limitless.